A crescente intolerância religiosa na Índia afecta milhões de cristãos. Os esforços da Igreja para formar os catequistas que ensinam e servem os seus irmãos cristãos constituem uma prioridade cada vez maior. Os mais pobres de todos, particularmente os dalits e os povos tribais, descobrem o Cristianismo como uma religião que os liberta do seu isolamento na sociedade e os ajuda a crescer em dignidade como irmãos em Deus.

O significado de ser dalit

O termo dalit, antes usado no sentido de “intocável”, significa “quebrado” ou “oprimido”. Os dalits vivem no fundo da rígida ordem social indiana conhecida por sistema de castas. Estão tão em baixo na hierarquia social que estão fora do sistema de castas. Espera-se que realizem os trabalhos considerados demasiado físicos ou degradantes para os membros do sistema de castas, tal como remover detritos humanos e animais mortos. Cerca de 240 milhões de indianos (quase um quinto da população Indiana) são dalits.

A Constituição Indiana contém uma referência ao princípio de igualdade e proíbe a discriminação no emprego e na educação. Não obstante, a discriminação por castas ainda existe em grande parte da Índia. Os dalits sofrem segregação e discriminação diariamente, bem como violência e abuso por membros de castas mais elevadas. A maior parte dos trabalhadores vinculados, na Índia, são dalits. As mulheres e crianças dalit são especialmente vulneráveis ao abuso sexual e à prostituição forçada.

Consequências de se tornar cristão

Dos 29 milhões de cristãos na Índia, cerca de 60% são dalits. Para os dalits, que são marcados como proscritos, e que durante séculos suportaram discriminação e humilhação no dia-a-dia, a mensagem do Cristianismo traz a salvação. É um alívio inacreditável tomarem conhecimento de que há um Deus que sofreu, tal como eles, e que acolhe especialmente os mais pobres da sua comunidade como irmãos e irmãs em Cristo. Esta fé leva a uma transformação. Os dalits sentem-se mais fortes quando fazem parte de uma comunidade. Porém, quando os dalits escolhem tornar-se cristãos são sujeitos a ainda mais sofrimento nas suas vidas já difíceis, porque como cristãos eles enfrentam ainda mais exclusão e perseguição.

A maioria dos Católicos no nordeste da Índia (dalits na sua maioria) vive em condições deploráveis. Como trabalhadores vinculados sem terras, mal ganham o suficiente para sobreviver. Quando contraem dívidas para com os seus senhorios e empregadores, ficam reduzidos à quase total escravidão. Os esforços oficiais por parte do Estado a fim de promover pequenos negócios, introduzir pensões de viuvez e outros benefícios similares são totalmente inadequados e frequentemente redireccionados para canais de corrupção. E ao professarem a sua fé cristã, os dalits perdem todos os direitos oficiais aos benefícios sociais do Estado. Eles vivem muito abaixo do limiar de pobreza, confinados às margens das aldeias em choupanas de terra ou de palha, duramente segregados das zonas residenciais das castas mais elevadas. Eles são proibidos de entrar em qualquer templo, de beber água dos poços públicos e até de frequentar as escolas, pois o sistema de castas ainda se encontra profundamente enraizado nesta região. As mulheres são discriminadas ainda mais, não tendo qualquer voz em decisões que as afectam pessoalmente. Pelo contrário, encontram-se totalmente à mercê dos seus pais, maridos e filhos.

“É nossa responsabilidade como Igreja demonstrar ainda mais preocupação por estas pessoas e contribuir cada dia para o seu crescimento espiritual e, ao mesmo tempo, para o seu desenvolvimento humano global,” afirma a Irmã Suja, que trabalha com as mulheres dalit recém-convertidas na Diocese de Buxar, no nordeste da Índia. Quando descobrem o Cristianismo, os dalits começam a entender a sua dignidade humana como filhos e filhas de Deus. Eles experimentam um novo modo de ver a vida, lendo o Evangelho e sendo acolhidos por uma comunidade de amor. Deixam de ser proscritos e passam a fazer parte da Igreja universal. Contudo, são sujeitos a ainda mais injustiça, discriminação e até violência. A Índia, conhecida como país cuja população, de um modo geral, respeita a espiritualidade foi recentemente abalada por grupos de extremistas que vêem os Cristãos como inimigos.

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